“Só de pensar na mardita, me alembrei de Abaeté”, diz os versos do grande poeta paraense Rui Barata. A letra se refere aos tempos áureos em que Abaetetuba era conhecida como a terra da cachaça. No início do Século XX, o município se notabilizava no Brasil inteiro pelas famosas e deliciosas cachaças que fabricava.
Os Engenhos, que no começo do Século passado eram contados às dezenas, entraram em declínio. O imenso sucesso não foi capaz de manter a produção e a indústria da cachaça de Abaeté faliu. Diversos foram os fatores para a derrocada, como o advento das leis trabalhistas – já que os trabalhos nos engenhos eram totalmente informais – e a concorrência que chegava do sul do país, com cachaças industriais, que mesmo com qualidade inferior, começaram a se popularizar no Brasil. “Quando cheguei em Abaetetuta, em 1979, a produção de cachaça no município já estava em declínio. Os alambiques e fábricas estavam fechados”, diz Levy Chavaglia.
Levy, que é paulistano, mas se mudou para Abaetetuba na década de 70, é o responsável pelo renascimento da fabricação de cachaça no município. A sua bebida, chamada de Cachaça Abaetetuba, é a primeira depois do fechamento dos engenhos em Abaeté. Este empreendedor criativo também vai participar da segunda edição do Boulevarte, divulgando e comercializando sua cachaça.
Levy começou a fabricar a cachaça há quatro anos, depois de comprar um alambique em Tucuruí. “Sempre apreciei cachaça artesanal, mas não sabia fazer. Cismei que podia aprender e produzir nesse alambique. Fiz um curso em Minas Gerais e desde então estamos fabricando a cachaça, e a ideia é aprimorar cada vez mais essa produção”, conta Levy.
Como a plantação de cana-de-açúcar em Abaetetuba é baixa, Levy traz as mudas de São Paulo e planta em seu sítio em Abaeté. Sua produção já está incentivando a fabricação de novas cachaças no município. “Eu percebo que está começando um renascimento da fabricação da cachaça por aqui. Algumas pessoas vêm me procurar para saber como eu produzo a cachaça”, explica Levy.
O empreendedor criativo fabrica apenas mil litros da Cachaça Abaetetuba por ano. Quem prova é um público restrito, já que ela está presente apenas em alguns restaurantes do município. Mas, a ideia de Levy é justamente essa: não comercializar em larga escala, e sim, aprimorar a cachaça cada vez mais. No Boulevarte, será a primeira vez que a Cachaça Abaetetuba será divulgada e comercializada para um grande público. “O Boulevarte será uma vitrine para nós. Vai ser o primeiro evento que vamos participar”, diz Levy.
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