Passeio histórico pelo Boulevard paraense

Boulevard vem do francês, significa um tipo de via larga e de grande movimentação, projetada com preocupação paisagística, uma tradição, no Brasil, em cidades com forte influência de Art Nouveau, o caso de Manaus, Rio de Janeiro, São Paulo e Belém do Pará.

O Boulevard Castilhos França, na capital paraense, era o Boulevard da República, situado na orla da cidade, tendo sido construído no período da extração do látex, quando a cidade de Belém viveu seu auge econômico e urbanístico.
Ao longo dos dois corredores, sendo um deles mais estreito. O Boulevard Castilho França nasce na Av. Presidente Vargas e segue até o prédio da Alfândega, já beirando o Ver o Peso. De um lado, casarios datados do século XIX. Do outro, a atual Estação das Docas, formada por galpões que antes pertenciam ao Porto de Belém.

“E pensar que tudo isso antes, aqui, era rio. E foi aterrado para criar um dos espaços mais bonitos do norte do Brasil, no final do século XIX”, diz o historiador Michel Pinho, um dos convidados para esta primeira edição do Boulevarte.

No meio disso tudo, a Praça dos Estivadores. Já reparou nela? Experimente pisar lá. É o convite do Boulevarte para o dia 7 de junho, um domingo pra ficar na memória e fazer com que as pessoas conheçam a história daquele espaço, que a gente pode considerar um portal para o Centro Histórico de Belém.

“Este é mais um convite de participação que recebo, de uma série de ações que vêm sendo feitas na cidade, como o Circular Campina Cidade Velha, mais recentemente, e a Fotoativa, que há décadas tem feito uma série de ações no sentido de aproximar a população, do centro histórico da cidade. E o Boulevarte vai nesse sentido também. De aliar a arte, a gastronomia e a cultura a eventos de cunho social, pra trazer o cidadão de Belém a conhecer a sua própria história”, diz Michel.

Ele, que em janeiro deste ano, montou um roteiro inusitado pelo Centro Histórico para comemorar os 399 anos de Belém, acompanhado por intérpretes de linguagem brasileira de sinais, áudio descritores e pessoas com deficiência visual e auditiva, e que no projeto Circular Campina Cidade Velha, levou consigo dezenas de pessoas a conhecerem lugares que talvez nunca tivessem ou viessem a estar, daquela forma: adentrar monitoradas por galerias, pequenos restaurantes e diversos espaços de arte, espalhados ao longo dos dois bairros mais antigos de Belém.

Já no Boulevarte, Michel Pinho convida a conhecer as ruas do bairro da Campina até a fronteira com a Cidade, reconhecendo os diversos processos históricos que formaram a Belém colonial, como o aterramento do Piry, a abertura da estrada de São José e a transformação da via dos mercadores em um mercado europeu no século XIX. Não há necessidade de inscrição, a única exigência é ter curiosidade e gostar de Belém.

O Boulevard Castilho França, que em outros tempos era via para bondes e muita gente, em passeios diários, hoje se tornou uma movimentada área com pista veloz, em sua parte mais larga e, na outra, ganhando certo ar de esquecimento. Hoje, com novos empreendimentos surgindo, valorizando os prédios antigos, o espaço volta a despertar a atenção, provocando iniciativas de revitalização, como a que o Boulevarte pretende realizar, por meio do ativismo artístico e social, e pras pessoas.

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